Foi-se o último convidado,
O salão silenciou-se.
No piso sem brilho,
Jaz o vinho derramado,
Pedaços, recheios, os restos,
A sombras dos que se foram,
Encerram a dança,
No vulto escuro
Das janelas fechadas.
O suor não se dissipou de todo,
O calor das gentes
Esfria-se pelos cantos estreitos,
Pelas gretas e frestas,
Por baixo da porta,
Ecoa o suspiro da música,
Que agora é morta.
Nos grandes espelhos,
Tantas marcas digitais,
Fios de cabelos,
Esmaltes, batons vermelhos,
Que não beijam mais,
As fantasias rasgadas
Dos fins dos carnavais.
Apaga-se a luz derradeira,
Que tremulava sob o palco,
As sombras engolem
Os pedaços de convites,
Os bilhetes de amor,
O éter, o álcool,
Exalam o último momento,
A memória se apaga,
Em completo esquecimento.