sábado, 18 de maio de 2013

Cipó


Cipó


O que será daquela serra,
Pra onde vai o rio cipó,
Em que canto desta terra,
Vai voar gavião carijó?

Cadê tamanduá bandeira,
Ariranha, lobo guará,
Escondeu-se coruja buraqueira,
Calou-se o sabiá.

Abate o ipê amarelo,
Aqui nesta terra sem lei,
Foi-se embora o quero-quero,
E destronado urubu rei.

Vai a fauna, a flora,
Jaratataca, ouriço-caixeiro,
Vai a vida embora,
Pelos rios de dinheiro.

Fatia o Espinhaço,
Arranca a quaresmeira,
Do farto ao escasso,
Contamina a cachoeira.
  
Ah... Tem dó,
O que será daquela terra,
Nesta história que encerra,
Da motosserra do cipó.

Vão virgens águas,
Pra viajar o minério,
Vertendo turvas mágoas,
Do paraíso-cemitério.

Valentina





Valentina, Valentina,
É difícil acreditar,
Um dia foi menina,
Esta cara de assassina,
Que hoje quer me torturar.

Valentina, Valentina,
Talvez seja meu castigo,
Meu azar, minha sina,
Afundar-me na ruína
Do ataque inimigo.

Valentina, Valentina,
O fim da minha fé,
Nesta amarga toxina,
Que agora contamina
Com sorriso de mulher.

Valentina, Valentina,
Era o veneno fatal,
Aquela dose de morfina,
Retirada da latrina,
Em dose letal.

Valentina, Valentina,
E sua lâmina fria,
Na hora da chacina,
Aciona a guilhotina,
Da minha agonia.