segunda-feira, 27 de junho de 2011

A navegar


A navegar




Navego
Entre as margens
Onde nunca pisei
Estou apenas a caminho,
Não sei quantas águas
Terei que singrar
Quantas ondas bravias,
Outras tantas calmarias,
Enfrentarei pelo mar.


Navego
Minhas velas curvas,
Nestas águas turvas,
Se contorcem ao vento
Navego
Pelos vendavais, tempestades
No breu das noites,
No lúmen dos dias
Navego
Enquanto há tempo.


Navego
Pelas águas poucas,
Pelas horas lentas
A escorrer a conta-gotas
Navego
Pelas corredeiras,
Pelas cascatas das cordilheiras,
Pelas correntezas loucas.


Navego
Quase náufrago
Na pressa do mundo
Aonde vai meu barco
A correr,
Sem amarras,
Levantei as minhas âncoras,
Antes navegar
Que morrer.

2 comentários:

Moisés Augusto Gonçalves disse...

Navegar é preciso! E la nave va...

Histórias e Versos disse...

Olá Moisés, é um prazer enorme recebê-lo aqui em meu blog. O seu, para mim, há muito tempo, já virou parada obrigatória. A propósito de seu comentário, veja o que achei aqui no livro de Deonísio da Silva, em "De onde vêm as palavras", a respeito da histórica "NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO".

"A expressão já foi creditada a Caetano Veloso, porque muitos de nossos jovens iletrados, mas bons de ouvido, somente a aprenderam da boca de seu ídolo. Entretanto, o próprio baiano já admitiu que a leu em Fernando Pessoa. A autoria não cabe, porém, nem ao poeta português, nem ao compositor baiano. Quem a tornou famosa foi o general romano Pompeu para persuadir marinheiros a zarpar com os navios carregados de alimentos, mesmo em meio a uma tempestade, porque havia muita fome em Roma. Somente o circo, como sabiam os imperadores, não era suficiente para conter rebeliões, se faltasse o pão. Pompeu a pronunciou num latim desjeitoso, segundo nos informa Plutarco: ´navigare necesse, vivere non necesse`, mas a frase já existia também em grego."!

É isto aí. Abração e valeu a visita.