sábado, 15 de agosto de 2009

Gesto Derradeiro


Gesto derradeiro


Vai agora
Meu amor
Para sempre
Vai para
Nunca mais
Vai de vez,
Mutila-me
A alma,
A carne
A lucidez.

Meu corpo
Ainda quente
Já ressente
A ausência
Do teu
Em meu
Ventre
Você para
Sempre
No fruto
Que me deu.

O que farei
Agora,
Quando
A chama
Já morta de ti
Se arder
Em mim,
O que restará
Da madrugada,
A cama,
O umbral da porta,
Por onde
Não voltará.

Ah... meu amor,
Sobre teu rosto frio,
Derramo-te
As lágrimas,
Leitos
Fecundos
Do nada.
Resta o vazio,
O vazio de ti,
Ausência suprema
Dor maior
Que me faz
Sucumbir.

Adeus para sempre
Amor proibido,
Leva-me a alma,
Meu doce bandido,
Dou-te
Meu último toque,
Gesto derradeiro,
Ah... não se vá,
Não se vá
Meu querido.

Vem
Meu amor
Se levanta,
Arranca a voz
Da garganta
E diz que me quer
Pela última vez.
Vem,
Meu amor,
Me acalanta,
Meu vício,
Doce ofício,
Que não
Saberei
Desaprender.
Vem
Fantasma
De mim
Por cada canto
Do meu ser.

Sente
Outra vez
Meu corpo
Que treme
Na palidez
Da tua pele,
Meu amor sangue,
Amor morto,
Clandestino,
Devolva-me,
Oh Deus,
De uma vez,
Meu grande bem,
Meu perverso
Menino.


(Para o dia em que Maria ficou viúva)

Nenhum comentário: