domingo, 28 de março de 2010

Noite


Noite


Fez-se noite
Assim tão de repente
Um manto escuro
Cobre os telhados das casas
Sombreiam as fachadas
Fecham-se as asas
Cessa-se o vôo
Dos pássaros diurnos
Na noite que cai
Rapidamente.
Faz-se noite
Como todas elas
Fazem-se
Diariamente.
Serão feitas em série
As noites?
Como nos aguardarão as estrelas?
As luzes humanas-
Elétricas
Atrevem-se aos desafios
Finos pavios
Incapazes de lhe clarear.
Ela vem
Estamos sempre
A esperá-la
Mesmo que
Não a queiramos
Mesmo enquanto
Promessa
De noite seguinte.
Ela vem
Soturna
Vem
Noturna,
Entre os turnos que vão e vem
Além das horas que são.
Vem derradeira
Vem como princípio
Embala os sonhos
E também pesadelos
Abre-se em sexos,
Fecha-se em insônias,
Pelas rodovias do tempo,
E os descaminhos do mundo.
Vem
De vez
E pode ser,
Que ao acordar,
Já se tenha ido.
Vem como dama
Em seu longo
Véu de luzes,
Vem para arrumar a cama
De um tempo sem fim
Vem às horas pagas
Às noites vagas
Quando sou
Sombra de mim.

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