terça-feira, 11 de março de 2008

A Gênese do fim


A Gênese do fim.


Quando da criação, a terra se fez grávida,
E a vida se fez e refez ávida,
E toda sorte de vida se criou plástica,
Nos contornos e labirintos da lógica,
Nos meandros e curvas da matemática.
Quando se fez a explosão biológica,
E a vida outra vez se fez dádiva,
Espécime por espécime num sopro frêmito,
Mistério redobrado na vida a cada página.
Quando a vida em seu renascer pródigo,
Escreveu sobre o mundo mais outro capítulo,
Num arranjo disforme, aparentemente ilógico,
Uma nova era da terra, em mais outro fascículo.
No rebento da criação, a profusão lírica,
A metamorfose da vida como história épica,
Movida pela metafísica ou pela dialética,
Nas forjas da terra, em século após século,
Na pressa do tempo, de gênero por gênero,
No invisível estado da matéria, do sólido ao líquido,
A vida se refaz como encanto de fábula,
Onde se forja o eterno, forja-se o efêmero.
Onde se cria o deserto, cria-se a parábola.
Assim se multiplica a vida, de forma drástica
Refazendo o mundo a cada dia ou véspera
Assim transcorre o tempo, como passe de mágica.
No surto do mundo que nasce elétrico,
O tamanho que não se vislumbra, na força do átomo,
O sopro, o eterno sopro, do transmutar genético,
Que dá à vida um sentido divino e elástico.
Manifesto no fogo que dá ordem ao que é caótico,
Manifesto no barro que é vida e óbito
Manifesto no ar que é oxigênio e é tóxico.
Manifesto de morte prematura e grávida.
Mas o rebento da vida terá destino trágico,
Se não se barrar a fúria do plano bárbaro,
Que mancha o mundo com sangue técnico
Empurrando-o ao seu limite tênue e crítico
Nos campos de testes de experimentos bélicos,
Na aposta em vidas, espúrios negócios e métodos.
Um bárbaro de uma nova geração de decrépitos,
Que traz como desejo uma utopia medíocre
Condenar os vivos a um destino patético, lúgubre
Fechando as cortinas do palco do mundo, o epílogo,
Testando os brinquedos de Lúcifer,
E engolindo a terra, como monstro carnívoro.
Epílogo, profano, estúpido, profético.

Um comentário:

Anônimo disse...

Magnífico! :D