terça-feira, 11 de março de 2008

Ciranda de fogo


Ciranda de fogo


Não chore criança,
Apenas levanto a lança,
Que vai te proteger.
Não chore criança,
Você não corre perigo,
O fogo que queima,
Hoje é fogo amigo.
Não chore, pois, mais
Te garante o dono do mundo
O seu novo protetor
Confie nessa promessa
Que te faz seu novo senhor
Tens, pois, a força
Voltada a seu favor
Te guardará
A mãe de todas as bombas
A bomba mãe
Que tapará o sol
Fazendo lume nas sombras
Vai conhecer de perto
Os meus soldados de chumbo
Que obedecem as ordens
De quem comanda o mundo
Não se assuste
Não chore criança
A linha de fogo que vê
É luz da esperança
Que brilha pra você
É chama que queima
A linha do tempo
E soprando o vento
Se alastra veloz
Incendiando a história
De forma brutal e feroz
Estará bem assistida
Assim para sempre
Minha flor, minha querida
Temos tapetes de bombas
E bombas margarida
Pra te florear o caminho
A bomba que queimou Hiroshima
-“little boy” -
Tem nome de menininho
Não chore pelas trincheiras
São apenas brincadeiras
Protegerei os teus sonhos
Lá na guerra das estrelas.
Não duvide nunca da fé
Nos meus valores morais
Que aplico nos homens
Às vezes, em doses letais
Não se apavore
Com meu inverno nuclear
Não há escuro tão escuro
Que meus raios
Não possam iluminar
Teu alimento
Eu mesmo invento
Uma nova salada
Com agente laranja
Com gás mostarda
Estará, pois, guardada
Minha doce criança
E se por acaso,
Ainda que esteja a salvo
Se por um descuido
Falha da balística
Te fizerem de alvo
São acidentes naturais
Constará, enfim, na estatística
Dos danos colaterais.

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