terça-feira, 11 de março de 2008

O velho retrato


O velho retrato


A minha imagem do retrato
Resolveu, então, olhar pra mim
Pude ver, envelheci de fato
Mas vou até o fim.

É certo, não guardo recato,
Mas confesso que me constrangi
Também perdão não peço,
E nem desejo fugir.

Agora me olha de frente
Fitando o que sou, o que fui,
Não é o espelho que mente,
É passado gravado que flui.

Se me flerta o retrato,
Já não o vejo mais
É a sombra de mim
Em papel barato
De muito tempo atrás.

Se rouba esta imagem
Meu perfil, minha cara,
Carrega ainda o canto
Que já hoje se cala.

Esnoba meu pranto
Com cara de santo,
Sou porta-retrato,
Sou fotonovela,
Desabo pelo tempo
Na película amarela.

3 comentários:

José Oliveira Cipriano disse...

Oi, Marcos Vinícius!
Gostei muitíssimo de seu monólogo com "O velho retrato"! Deus ilumine sua inspiração! Veja você como eu tinha razão quando lhe falei para não parar de escrever! Tudo está dentro de você, clamando para se mostrar e veja que belezura! Meus aplausos, meu grande poeta!!!!!!
Um grande abraço,

Oliveira

Janice Diniz disse...

Sensibilidade. Delicadeza. Talento.Tuas palavras fotografaram a atmosfera do passado. Lembrou-me muito umas fotos antigas que guardo dos meu avós. Essa coisa de "máquina do tempo" dos sentimentos mexe com alma dos leitores. Obrigada por me emocionar, caro escritor.

Visite-me. Não te prometo a mesma emoção, mas será bem-vindo.

http:teofilinabermacia.blogspot.com

ladraodebicicleta disse...

Muito bom...

Você se interessa em ser letrista?Eu sou compositor e estou procurando algumas letra spara musicar...

pedro.n.fonseca@hotmail.com