Menino
Meu filho, menino,
descendo a ladeira
passeando pelo mundo,
qual é teu destino?
Meu filho querido,
lá vai meu traquina,
com peito destemido,
cruzando a esquina.
Se apronta, meu pequeno,
que o dia vem vindo,
olhando-me com olhar sereno,
vejo, então, como és lindo.
Menino, acorda, é de manhã,
levanta, o dia te espera,
tem farinha e chá de hortelã,
faz frio, mas é primavera.
Corre, corre, meu danado,
saiba que o tempo não espera,
teu uniforme tá passado,
vista tua blusa amarela.
Vá, então, meu menino,
qualquer coisa, grite socorro,
tu sabes como é querido,
pela gente aqui do morro.
Na volta, tem boas novas,
e podes também jogar bola,
se tiver boas notas nas provas,
e muito sucesso na escola.
Menino, empina o papagaio,
brinca com tuas bolinhas de gude,
saiba que de casa sempre saio,
pra fazer por ti, o que ainda não pude.
Meu pobre menino,
te peço que não desespere,
se aquele tecido grã-fino,
não foi feito pra tua pele.
Já és grande, não chore,
tome meu colo, menino travesso,
o mundo é mesmo assim, não se amole,
a vida é boa, mas tem preço.
Não se deixe enganar, meu querido,
com as tolas propagandas da televisão;
não fique assim, tão sofrido,
querem apenas, te vender ilusão.
Não se perca, por favor, por aí,
tu bem conheces o caminho de casa,
e estarei sempre aqui,
para acolher-te sob minha asa.
Menino, não perca tua ingenuidade,
conserva-te criança, assim, desse jeito,
e mesmo que avance tua idade,
te abrigarei em meu peito.
Levanta-te da mesa do bar,
venha meu velho moleque,
te levo, então para o lar,
para curar teu pileque.
Não se assuste, meu pivete,
o mundo, às vezes, ameaça,
guarde, pois, a gilete,
pois se é caçador, também se é caça.
Menino, me conta o segredo,
me diga logo o porquê,
tanta revolta por não ter o brinquedo,
anunciado na tevê.
Menino, deixe de rixas,
ainda viramos o jogo;
por que apostar suas fichas,
numa fria arma de fogo?
Meu filho, menino,
descendo a ladeira
passeando pelo mundo,
qual é teu destino?
Meu filho querido,
lá vai meu traquina,
com peito destemido,
cruzando a esquina.
Se apronta, meu pequeno,
que o dia vem vindo,
olhando-me com olhar sereno,
vejo, então, como és lindo.
Menino, acorda, é de manhã,
levanta, o dia te espera,
tem farinha e chá de hortelã,
faz frio, mas é primavera.
Corre, corre, meu danado,
saiba que o tempo não espera,
teu uniforme tá passado,
vista tua blusa amarela.
Vá, então, meu menino,
qualquer coisa, grite socorro,
tu sabes como é querido,
pela gente aqui do morro.
Na volta, tem boas novas,
e podes também jogar bola,
se tiver boas notas nas provas,
e muito sucesso na escola.
Menino, empina o papagaio,
brinca com tuas bolinhas de gude,
saiba que de casa sempre saio,
pra fazer por ti, o que ainda não pude.
Meu pobre menino,
te peço que não desespere,
se aquele tecido grã-fino,
não foi feito pra tua pele.
Já és grande, não chore,
tome meu colo, menino travesso,
o mundo é mesmo assim, não se amole,
a vida é boa, mas tem preço.
Não se deixe enganar, meu querido,
com as tolas propagandas da televisão;
não fique assim, tão sofrido,
querem apenas, te vender ilusão.
Não se perca, por favor, por aí,
tu bem conheces o caminho de casa,
e estarei sempre aqui,
para acolher-te sob minha asa.
Menino, não perca tua ingenuidade,
conserva-te criança, assim, desse jeito,
e mesmo que avance tua idade,
te abrigarei em meu peito.
Levanta-te da mesa do bar,
venha meu velho moleque,
te levo, então para o lar,
para curar teu pileque.
Não se assuste, meu pivete,
o mundo, às vezes, ameaça,
guarde, pois, a gilete,
pois se é caçador, também se é caça.
Menino, me conta o segredo,
me diga logo o porquê,
tanta revolta por não ter o brinquedo,
anunciado na tevê.
Menino, deixe de rixas,
ainda viramos o jogo;
por que apostar suas fichas,
numa fria arma de fogo?
Um comentário:
Oi, Marcos Vinícius!
Gosto dessa coisa de abordagem social cheia de sutilezas. Nas entrelinhas estão todas as coisasque a sociedade sabe que existe, mas prefere ignorar. Parabéns!!! A poesia é isso: dizer sussurrando verdades cruéis.
Um abraço,
Oliveira
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