sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sete horas


Sete horas.

Já são sete horas,
a noite chegou,
daqui de dentro do quarto,
não vejo o que se passa lá fora,
quem sabe outro assalto,
mendigo pedindo esmola,
talvez a mãe que suplica
pelo filho que chora.

Já são sete horas,
o dia se foi,
as portas se fecham,
os homens se vão,
encerram o trabalho,
até amanhã ao patrão,
com o parco salário,
a fome de pão.

Já são sete horas,
a fábrica apita,
a cidade transborda,
muitos já vem,
muitos vão-se embora,
antes do sonho se acorda,
atados ao ritmo da hora.

Já são sete horas,
e os passos se apressam,
os olhares se prendem
na cadência retilínea dos ponteiros
de milhões de relógios;
o tempo transcorre,
o tempo que passa,
o tempo que morre.

Já são sete horas,
os faróis se acendem,
os olhares reluzem
no emaranhado das multidões,
muitos vão pelos bares,
muitos se embalam nas televisões,
em todos os cantos,
em todos os lugares,
quitam as vidas - em prestações.

Já são sete horas,
uns permanecem nas ruas,
outros recolhem-se aos lares,
muitos, sem colo, mal dormidos,
são atropelados no asfalto,
outros, insones, na calçada fria,
planejam o assalto,
à espera de um novo dia.

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