sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O lençol de Luzia


O lençol de Luzia


Da janela da casa
flameja o lençol de Luzia,
como bicho de asa
a revoar a fantasia.

Das cortinas do quarto
o aroma que ardia,
a nudeza do ato,
a natureza sacia.

Lençol de flores,
pendurado na janela,
marca de mil amores,
na pétala amarela.

Lençol que revoa ao vento,
espalha o pelo e o cheiro,
embriaga o pensamento,
desejo de amor derradeiro.

Lençol que ao tempo sacode,
revela noites não dormidas,
revela o que o desejo pode,
entre as belas adormecidas.

Tecido de trapo,
tecido de seda,
embriaga quem desce,
pela alameda.

Os sonhos revoltos
na dança dos panos,
são bichos soltos,
nas rugas dos anos.

Estendida alegoria,
e um porte triunfal,
revoa o lençol de Luzia,
sobre o imenso varal.

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