sábado, 15 de setembro de 2007

O Breve Reinado






O Breve Reinado


Naquela bela manhã
acordou radiante;
com os olhos embaçados
e o rastro dos sonhos,
ainda marcados,
nas rugas do semblante,
despertou como quem desperta,
pela primeira vez.
Percebeu que ao redor de si,
outro mundo se fez.

Naquela nova manhã,
de largos horizontes abertos em glória,
dominando o mundo,
contorcendo os caminhos da história,
nascia a poderosa princesa,
anexando impérios,
com sua infinita beleza.

Num tempo distante,
em terras ainda ignoradas,
acordava como senhora absoluta
de desertos de areia, de bosques e prados.
Sereia das águas, ainda não navegadas.

Erigindo mil castelos,
voando em cavalos alados,
incorporando todos os domínios,
esmagando sob as botas, os vivos,
na mira de seus sonhos dourados.

Naquela ácida manhã,
ao despertar a princesa,
elimina os fracos,
convoca os bravos,
arrebenta as muralhas,
capturando escravos.

Ao acordar tão forte,
assenhorando todos os limites,
dos cantos dos sonhos, de sul a norte,
prossegue ignorando todos os palpites,
que não venha das vozes da Corte.

Às vozes silentes, o silêncio eterno,
às vozes discordantes, o gelo, o degredo.
De nada vale o apelo,
para que rompa das trancas, o segredo.

Vence as batalhas,
silencia os canhões,
faz rolar as cabeças
no corte das lâminas-navalhas,
girando entre as multidões.

Sacerdotisa das divindades do sol,
lança seus raios sobre o mundo,
mata os vivos, os mortos sem memória,
atirando-os na vala, do silêncio profundo.

Rainha das terras,
Senhora dos mares,
Arco-íris no céu,
esconde os tesouros,
ilumina os altares.

Majestade Suprema
de repente escorrega,
no meio da noite;
e sente o frio,
da beira do rio,
onde a bela manhã
é apenas passado,
em seu sonho de rã.

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